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Brasileiro trata o problema do lixo com desinteresse

Produzimos quase 220 Maracanãs lotados de resíduos sólidos todos os anos, mas a população não parece estar interessada em discutir...

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Produzimos quase 220 Maracanãs lotados de resíduos sólidos todos os anos, mas a população não parece estar interessada em discutir o tema. Levantamento feito pelo projeto Comunica Que Muda, da nova/sb, monitorou por três meses como o cidadão conectado aborda a questão do lixo nas redes sociais

Cada brasileiro produz em média 387 kg de lixo por ano. O que dá um volume de mais de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos no país anualmente, praticamente enchendo 220 Maracanãs de restos do nosso consumo. Os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O lixo que produzimos e como lidamos com ele tornou-se um dos grandes desafios para a humanidade. Por isso o Comunica Que Muda, projeto da agência nova/sb, se debruçou sobre o tema, monitorando o comportamento dos internautas do país durante três meses, analisando como a questão do lixo é abordada. Foram mais de 125 mil menções analisadas, através da ferramenta Torabit, entre os meses de dezembro de 2016 e fevereiro de 2017.

Dados do monitoramento mostram que a maior parte das menções, cerca de 53%, foi neutra, sem um juízo de valor sobre a questão. Já os comentários positivos, quando as pessoas reconhecem ou relatam problemas gerados pelo lixo, somaram 46%.

“É muito difícil que alguém declare que o lixo não é um problema. Entretanto, a conscientização sobre essa questão ainda está longe do ideal, principalmente no sentido de um debate mais profundo. As pessoas falam mais do problema quando são atingidas diretamente”, destaca Bob Vieira da Costa, sócio-fundador e presidente da nova/sb.

Alagamento foi o tema mais comentado nas redes sociais no período analisado, com 48% do total de problemas citados. Lixo na praia (25%) e lixo na rua (16%) também tiveram destaque.

No entanto, quando se trata de um problema mais distante, com o qual as pessoas não têm um contato direto, mesmo sendo afetadas, o número de comentários é muito menor. Por exemplo, os lixões, quando o termo não é usado como piada, apareceram em apenas 2,5% das menções, e com uma predominância de compartilhamentos de notícias. Já, no monitoramento sobre reciclagem, o termo “coleta seletiva”, fundamental para ações de reciclagem com grande impacto, aparece em apenas 4,7% dos comentários.

“O que muita gente ainda não percebe é que o problema do lixo não acaba quando ele é jogado fora, quando nos “livramos dele”. As verdadeiras origens da questão estão na crescente produção de lixo e na destinação totalmente inadequada de grande parte desses resíduos. O nosso estudo demonstrou que a população não só não está atenta a esse debate, como também não o insere no seu cotidiano”, revela Caio Túlio Costa, diretor do Torabit.

Entre 2003 e 2014, a geração de lixo subiu 29% no país, enquanto o crescimento populacional foi de 6%. O padrão de consumo está cada vez maior em todo o mundo, fazendo com que a produção de lixo siga pelo mesmo caminho.

Comunica Que Muda – É uma iniciativa digital da agência nova/sb que tem o objetivo de mostrar o poder da comunicação de interesse público como agente transformador na sociedade. Ao combinar uma estratégia de constante monitoramento dos assuntos mais debatidos nas redes, aliada à ágil criação de conteúdos específicos, o CQM busca, por meio da alta relevância e incessante interação com o público, realizar um objetivo maior: promover e qualificar o debate sobre temas fundamentais, mas que ainda carecem de espaço na sociedade brasileira – como a questão do lixo aqui investigada, da intolerância, objeto do nosso primeiro dossiê, ou da mobilidade, assunto do segundo dossiê, além da discussão sobre a descriminalização da maconha (tema de debate entre especialistas) e do suicídio, o próximo tema.

Por Monique Dutra

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