Após o Senado Italiano ter divulgado a aprovação do decreto-lei que altera as regras de concessão da cidadania italiana, restringindo o acesso de descendentes nascidos no exterior, especialistas em cidadania e advogados de imigração destacam que a mudança trará dificuldades para pessoas que, embora com vínculos históricos e culturais com a Itália, não consigam comprovar os requisitos exigidos para a obtenção da cidadania. Para aqueles que já iniciaram o processo de reconhecimento, a medida pode significar um retrocesso nas suas expectativas e um aumento no tempo de espera.
De acordo com esse resultado, a cidadania italiana será concedida apenas a filhos e netos de cidadãos italianos.” A proposta visa coibir o que é chamado de comercialização de cidadania, ou seja, a concessão de passaportes italianos a pessoas sem qualquer conexão real com o país”, esclarece Gabriela Rotunno, advogada e CEO da Rotunno Cidadania.
A especialista ainda alerta que a aprovação do decreto pode afetar diretamente aqueles que planejam, ou já estão em processo de obtenção da cidadania italiana. “O impacto será significativo para as famílias que buscam recuperar uma herança que, até então, era vista como acessível a partir da simples comprovação de descendência. Essa mudança cria um obstáculo adicional para aqueles que não têm laços diretos com a Itália ou não se encaixam nos novos critérios”, explica.
Além disso, a restrição ao acesso à cidadania pode afetar o sentimento de pertencimento dos descendentes de italianos, que consideram essa cidadania não apenas um direito, mas também um laço com a história e a cultura italiana. “Muitas pessoas que têm uma relação emocional e cultural com a Itália agora se veem afastadas dessa identidade. A mudança pode criar uma sensação de desconexão para aqueles que sempre se consideraram parte da comunidade italiana”, afirma a advogada.
A medida também pode gerar um impacto negativo nas relações diplomáticas entre a Itália e os países que têm grandes comunidades de descendentes italianos, como o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos. A cidadania italiana sempre foi vista como uma ponte entre a Itália e seus descendentes ao redor do mundo, e sua restrição pode prejudicar esses laços históricos e culturais.
Com a nova legislação, muitos descendentes de italianos agora enfrentam o desafio de adaptar seus planos e expectativas em relação à cidadania. “O debate continua, e as repercussões dessa decisão ainda devem ser sentidas por muito tempo, especialmente em um momento em que a mobilidade global e a cidadania transnacional são questões cada vez mais presentes no cenário mundial”, conclui Gabriela Rotunno.
Por Kelly – comunicação da Rotunno Cidadania