Valéria Vanessa Eduardo, professora do curso de Ciências Contábeis da Anhanguera, explica quais são os melhores caminhos para os endividados quitarem as dívidas o mais rápido possível
Colocar a vida financeira em dia exige comprometimento e mudança de postura em relação às finanças. Não será exatamente rápido sair das dívidas, mas com um bom planejamento é possível encerrar o ciclo de endividamento.
A falta de planejamento financeiro é um dos grandes responsáveis pelo alto índice de inadimplência no país. De acordo com o último Mapa de Inadimplência e Renegociação de Dívidas do Serasa, o Brasil atingiu 71,9 milhões de famílias endividadas, um total de 44,9% de lares no país. Já o estado de São Paulo está em 10º lugar no ranking de inadimplentes, batendo 45,9% de devedores.
A professora do curso de Ciências Contábeis da Anhanguera, Ma. Valéria Vanessa Eduardo, ressalta que sair das dívidas é tarefa difícil e que exige bastante determinação. “Normalmente a pessoa se torna inadimplente por manter o padrão de consumo e gastos acima de suas capacidades financeiras. Obviamente, existem exceções como gastos inesperados com doença, família etc., mas em todos os casos, cuidar das contas e honrar seus compromissos é essencial”, explica a docente.
Ainda de acordo com Valéria, o maior vilão do endividamento das famílias são os cartões de crédito, cuja taxa média está em 201% ao ano e o percentual médio do cartão rotativo (cobradas de clientes que não quitam toda a fatura mensal) é de 448% ao ano, ou seja, é um crédito ruim. “Importante destacar que 75% dos brasileiros parcelam suas compras, e o cartão de crédito se tornou uma saída para suprir necessidades básicas. Entretanto, a inadimplência com cartão chega a mais de 50%, evidenciando como altas taxas de juros e inflação afetam significativamente o orçamento das famílias”, completa.
Para evitar o endividamento e alcançar a estabilidade financeira até o final do ano, a especialista sugere algumas estratégias simples e eficazes: relacione todas as dívidas e entre em contato com os credores para negociar os pagamentos, procure feirões que ofereçam descontos de até 99% para renegociar suas dívidas e utilize o 13º salário para amortizar essas pendências. “É crucial que o endividado só feche acordos se as condições forem compatíveis com sua realidade financeira. Quebrar o contrato de débito pode levar à perda dos descontos oferecidos, cancelamento da renegociação e retomada de juros”.
Além disso, a professora destaca a importância do autoconhecimento para evitar novas dívidas. Compreender o motivo das compras, evitar compras compulsivas, comparações sociais, materialismo e vulnerabilidade de consumo são fatores cruciais para um melhor controle financeiro. Para equilibrar a renda, Valéria sugere destinar 50% para gastos essenciais, como aluguel, alimentação e transporte; 30% para estilo de vida, como academia e lazer; e 20% para pagamento de empréstimos ou investimentos.
A especialista enfatiza a importância de evitar o uso desordenado do cartão de crédito e recomenda estabelecer objetivos claros, como sair do endividamento, adquirir um imóvel ou fazer uma viagem, para motivar a família a ter maior consciência financeira.
Para evitar novas dívidas, Valéria oferece as seguintes dicas:
Tenha uma planilha de controle de gastos, incluindo despesas fixas mensais e gastos com cartão de débito.
Faça uma lista antes de ir ao supermercado, defina uma data fixa para compras mensais e pesquise preços.
Evite ter muitos cartões de crédito, priorize o pagamento à vista e, se precisar parcelar, escolha o número de parcelas sem juros.
Opte por um carro mais econômico e faça revisões regularmente para evitar gastos excessivos com reparos.
Planeje passeios com uma média de gastos prevista e busque opções de lazer gratuitas.
Adote hábitos de consumo consciente para economizar alimentos, água e energia.
Ao renovar o contrato de aluguel, proponha uma renegociação ao proprietário e explique sua situação.
Por fim, Valéria aconselha organizar-se para os pagamentos sazonais do primeiro trimestre do ano, como IPTU, IPVA e mensalidades escolares, e utilizar o 13º salário para fazer reservas, se possível. “Seguindo essas orientações, é possível alcançar a tão desejada estabilidade financeira”.