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Perseguir a abstinência é a saída para dependentes de crack, diz especialista

Psiquiatra chefe do Setor de Dependência Química da Santa Casa do Rio de Janeiro, Analice Gigliotti defende avaliação médica antes,...

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Psiquiatra chefe do Setor de Dependência Química da Santa Casa do Rio de Janeiro, Analice Gigliotti defende avaliação médica antes, seguida de tratamentos multidisciplinares

A morte de Carlos Eduardo Albuquerque Maranhão ou Sarda, morador da Cracolândia de São Paulo internado no Rio de Janeiro a partir da ação de amigos, elevou o alerta quanto à atenção que se deve dar a essa dramática dependência. Uma parada respiratória soou o alarme do quanto o organismo de Sarda estava debilitado ao se internar. Para Analice Gigliotti, diretora do Espaço Clif e chefe do setor de Dependência Química da Santa Casa de Misericórdia do Rio, dependentes de crack são “pacientes em UTI” e precisam cumprir etapas em busca da abstinência.

“As ferramentas para o tratamento desses dependentes devem ser tão extremas quanto sua doença. Quando digo extremas, digo estruturantes, multidisciplinares, de cuidado intensivo, não necessariamente compulsórias – mas eventualmente também isso”, explica a psiquiatra.

A especialista destaca que a avaliação médica deve ser o primeiro passo do resgate de pacientes de crack. Somente depois, uma série de intervenções deve ser desenvolvida pelos profissionais do ramo, levando em conta comorbidades médicas, psiquiátricas, riscos relacionados à abstinência das múltiplas drogas que tais dependentes utilizam, grau de motivação, e ainda o importante suporte social.

“Precisamos perseguir a abstinência do crack. Essa deve ser a pedra fundamental do tratamento. Não é suficiente, mas é fundamental. O tratamento do usuário de crack é uma longa jornada composta de pequenas outras. Ele se inicia no processo de avaliação médica e psiquiátrica, seguido de técnicas que possam se adaptar às funções cognitivas do paciente, muitas vezes prejudicadas”, diz Analice.

Segundo a profissional, mais que debater a forma de atuação do prefeito João Doria para pôr fim à cracolância, cabe salientar que algo, ao menos, foi feito para abrir os olhos de autoridades e da sociedade. “Doria trouxe o debate à tona. Espera-se agora que ele possa coordenar as ações na cracolândia de forma a, primeiro, avaliar medicamente os dependentes para, depois, direcioná-los a diversos recursos de tratamentos disponíveis conforme os níveis de complexidade da doença”, defende ela

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