Segundo a mãe de uma das vítimas, pelo menos 400 mil pessoas já perderam a vida no país desde a madrugada da tragédia. Autor estava alcoolizado.
Um dia após a decisão do Supremo Tribunal Federal que referendou a ida do caso Carli Filho para júri popular, a deputada federal Christiane Yared (PR) apelou para que as autoridades a ajudassem a enrijecer o Código do Processo Penal brasileiro. A parlamentar tenta criar uma agenda de votações para, por exemplo, tornar hediondo crimes como o de matar alguém no trânsito sob efeito de álcool. Ela também defende que a prisão do acusado possa ser efetuada, mesmo após o flagrante.
“É uma luta sem fim, com muita dor para relembrar esta tragédia em nossas vidas, mas a luta não é só das nossas famílias, mas do país inteiro. Vimos cada vez mais mortes nas ruas e estou lutando na Câmara para que crimes de trânsito sejam inafiançáveis. Não é possível que um motorista que provoca mortes alcoolizado vá curar sua ressaca e famílias corram atrás de caixões. Não é possível que ele compareça a uma delegacia e saia livre. Temos que provocar uma mudança de comportamento”, desabafou Yared.
Carli Filho era deputado estadual pelo Paraná em 2009 quando, ao deixar um restaurante de Curitiba provocou uma grave tragédia em Curitiba, que tirou a vida de Gilmar Rafael Yared e de um amigo. O então parlamentar assumiu ter consumido quatro garrafas de vinho antes da batida. Mesmo assim, Carli Filho tentava, por meio de sua defesa, protelar a decisão de ir a júri popular ao alegar que não teve intenção de matar. No entanto, o entendimento tanto do STJ quanto do STF foi de seguir a linha do Ministério Público, de duplo homicídio doloso eventual.
Segundo Christiane Yared, desde a morte do seu filho até hoje, pelo menos 400 mil mortes foram registradas no trânsito brasileiro. “É inaceitável conviver com esse banho de sangue que atinge nossas famílias diariamente”, afirma ela.
De acordo com a defesa de Yared, cumpridas as medidas burocráticas jurídicas, o Tribunal de Justiça do Paraná estará pronto para pautar o Tribunal do Júri, que deve ocorrer após o Carnaval de 2018. “A cada dia, a dor nos arrasava, mas sempre vinha acompanhada da força para transformá-la em luta. Cada lágrima foi transformada em garra, para enfrentar a tristeza. Foram exatos 8 anos e seis meses de sofrimento e angústia, mas também aprendizados, experiências e conscientização, desde aquela madrugada”, relembra