Dia Internacional da Reciclagem: Brasil perde R$ 6,5 bilhões por não reaproveitar todo lixo plástico produzido anualmente

Notícia publicada em 20 de maio de 2019

Especialistas destacam necessidade de subsidiar e desonerar essa indústria

(Lembrado em 17 de maio) – No Dia Internacional da Reciclagem o Brasil , não tem muito a comemorar. Com reaproveitamento de apenas 3% dos resíduos gerados, o país está atrasado em estabelecer políticas públicas para desenvolver essa indústria. Para especialistas, o caminho tem que passar por subsídios e desonerações da cadeia. Dos mais de 78,4 milhões de toneladas de lixo produzido por ano, 13,5% (o equivalente a 10,6 milhões de toneladas) são de plástico, e a ausência de reciclagem eficiente desse material impõe uma perda de R$ 6,5 bilhões¹ à economia nacional, revela levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).

“O Brasil ainda destina inadequadamente cerca de 40% de todo o resíduo gerado no país. São bilhões de reais que poderiam ser revertidos para a construção ou modernização de aterros sanitários, ampliação dos serviços de coleta e outras atividades relacionadas à limpeza urbana. O gerenciamento de resíduos envolve uma rede complexa de atividades e a reciclagem é um pilar que precisa começar a ser desenvolvido como oportunidade de negócio. Do contrário, não terá resultado concreto”, afirma Marcio Matheus, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb).

Dia da Reciclagem

Para Carlos Rossin, engenheiro especialista em sustentabilidade e coordenador de diversos estudos em Resíduos Sólidos, as iniciativas existentes no Brasil hoje estão em sua absoluta maioria focadas na oferta de recicláveis e quase nada na demanda. Ele explica que não adianta organizar a oferta (separação e coleta seletiva dos recicláveis), se não organizar a demanda. Ou seja, se não houver mercado interessado em comprar. “Os recicláveis concorrem com as commodities. Diferentemente de países europeus, o Brasil é abundante em recursos naturais e, portanto, o reciclável – sem subsídios e desonerações – tem mais dificuldades em concorrer com os recursos ‘in natura’, que são mais baratos. Os países que possuem altos índices de reciclagem estimulam a demanda retirando os tributos desta cadeia, o que não acontece no Brasil. É um absurdo o recurso ser tributado duas vezes , como produto e depois como produto reciclável. Além disso, mesmo desonerando a cadeia do reciclável, estes países ainda subsidiam o reciclável para que a conta feche e diminuam a pressão por recursos naturais – lógica da sustentabilidade e economia circular”, explica Rossin, que foi Diretor de Sustentabilidade da PwC e Conselheiro do Pacto Global da ONU em São Paulo, e atualmente é diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade do Selurb.

De acordo com o especialista, o modelo mais adequado ao Brasil é o aplicado hoje nos Estados Unidos, por ambos serem países de extensão continental, com facilidade em geração de energia e disponibilidade de grandes espaços, entre outros aspectos que influenciam a viabilidade econômica das soluções para o setor. Com 20 mil lixões – praticamente um por cidade – na década de 1960, os Estados Unidos implementaram 2 mil aterros sanitários regionais em 15 anos e, com isso, passaram a utilizar a mesma estrutura de tratamento para diversas cidades, reduzindo os custos logísticos, viabilizando economicamente a reciclagem e a estruturação de plantas de geração de energia dentro dos aterros.

¹ Cálculo realizado considerando o montante de plástico destinado inadequadamente por ano (na conta, considera-se que 13,6% de todos os resíduos são plásticos e 40,9% do total de resíduos são destinados inadequadamente, segundo Panorama Nacional dos Resíduos Sólidos 2017) multiplicado pelo preço médio do plástico geral (Plástico rígido, PET e Plástico Firme) Prensado e Limpo praticado nacionalmente em maio de 2019 (R$ 1,5 reais)




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