Reflexões sociais para a Páscoa

Notícia publicada em 14 de abril de 2022

A Sexta-Feira Santa é o dia em que os cristãos lembram a morte de Jesus na cruz. A Bíblia relata que no Domingo de Páscoa é dia de celebrar sua ressurreição, a primeira aparição entre os seus discípulos.
Sempre admirei a história da vida e obra de Jesus Cristo, cujos exemplos vêm sendo seguidos pelas pessoas de bem. Cristo não aceitava o tipo de vida que seu povo levava: governo cobrando altos impostos, riqueza concentrada nas mãos de poucos e extrema pobreza e miséria para a maioria.

Exploração
Mais de dois mil anos depois, infelizmente, constatamos que pouca coisa mudou. Até mesmo os regimes considerados democráticos ainda não conseguiram promover a tão almejada justiça social e nem acabar com as discriminações de toda ordem, principalmente em relação às mulheres. Aproveitando o espírito da Páscoa, sugiro uma reflexão sobre alguns temas sensíveis para nós brasileiros.

Veja o exemplo dos comerciários e os práticos de farmácia, categoria que represento no Congresso Nacional. Eles são 12 milhões em todo o Brasil, sendo 2,7 milhões só no Estado de São Paulo. Mais de 50% são mulheres. Em muitos estabelecimentos comerciais as mulheres, mesmo trabalhando nas mesmas funções dos homens, continuam recebendo salários mais baixos. Temos lutado contra isso de forma intensa e contínua, tanto na Federação dos Comerciários de São Paulo (Fecomerciários), como na Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) e nas comissões temáticas no Congresso Nacional.

Impressionante, como ainda temos tantas barreiras para transpor e transformar o discurso teórico em prática diária. São muitos os patrões e líderes dos diferentes segmentos produtivos que, diante de microfones e câmeras, defendem a implantação e o respeito à ESG sigla criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) que é traduzida como respeito pelo meio ambiente (Environment) pelo Social e pela Governança corporativa (Governance). Mas para muitos é só discurso da boca para fora.

Termômetro

Os comerciários representam a maior categoria de trabalhadores urbanos no Brasil. O que acontece com eles é um termômetro da economia. Se o comércio vai bem, encomendas são realizadas para a indústria e a roda da economia gira em benefício de todos. A cada negociação salarial temos que lutar muito para manter e ampliar as cláusulas sociais, garantidas por meio de Convenções Coletivas.

A luta por reajustes salariais para recomposição do poder de compra dos trabalhadores também é árdua. Está sendo muito mais intensa com a volta da inflação. Os assalariados são os que mais perdem com inflação em ascensão, prejudicando ainda mais os que ganham menos e que não conseguem colocar comida na mesa para sua família.

Um outro assunto, preocupante, e que também faz parte das nossas prioridades é o trabalho infantil. O número de crianças brasileiras de sete a 14 anos, em alguma atividade laboral, pode ser cerca de sete vezes maior do que apontam as estatísticas oficiais. A constatação é de um estudo de dois pesquisadores: do brasileiro Guilherme Lichand, da Universidade de Zurique (Suíça), e de Sharon Wolf, da Universidade da Pensilvânia (EUA). O resultado acaba de ser publicado na imprensa.

O estudo concluiu que o trabalho infantil prejudica aproximadamente 20 por cento das crianças dessa faixa etária, ou seja, mais de 5,6 milhões de vítimas brasileiras, que são exploradas por adultos.
Sugiro que nesta Páscoa, aproveitando o fim de semana prolongado, você leitor, aproveite para fazer uma reflexão sobre esse cenário e sobre como você pode ajudar a reduzir essa triste realidade.

Por Luiz Carlos Motta




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