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 Alesp celebra 90 anos da Revolução de 32; conheça personagens da guerra paulista


Acervo Histórico do Parlamento estadual guarda documentos originais do período O próximo sábado, dia 9 de julho, marca os 90...

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Acervo Histórico do Parlamento estadual guarda documentos originais do período

O próximo sábado, dia 9 de julho, marca os 90 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, conhecida também como Guerra Paulista — um grande levante civil e militar que se opôs ao governo de Getúlio Vargas, que ocupava a Presidência do país devido a um golpe de Estado.

São Paulo foi o Estado que liderou o movimento armado, que teve como estopim a morte dos mártires da revolução Miragaia, Martins, Dráuzio e Camargo, por tropas getulistas. Os Estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul aderiram ao confronto posteriormente.

Durante três meses, cerca de 135 mil pessoas entraram em combate contra tropas federais com reivindicações como a criação de uma Constituição para o país e a descentralização do governo. A guerra teve fim no dia 2 de outubro de 1932, com a derrota das tropas paulistas em campo, mas com o avanço nas exigências dos constitucionalistas, com a convocação de eleição para formação da Assembleia Constituinte em 1933.

O envolvimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo — nesse que é considerado o maior confronto armado em solo brasileiro do último século, começa em 1930, quando o governo provisório de Vargas fecha a Casa Legislativa paulista. Em 1935, com a promulgação da nova Constituição e eleições estaduais convocadas, voluntários da Guerra de 32 são eleitos deputados em São Paulo.

A atual sede do Legislativo paulista, o Palácio 9 de Julho, foi nomeado em referência à data que marca o início da revolução, e construído próximo ao Obelisco aos Heróis de 32, localizado no Ibirapuera.

Histórias da guerra

No ano de 1962, a Assembleia Legislativa instituiu a Medalha da Constituição, honraria concedida a voluntários que participaram do confronto em 32. Para receber a medalha, os interessados encaminhavam documentos comprobatórios da participação na guerra, que eram analisados pela Comissão da Medalha.

Milhares de documentos foram enviados à Alesp para comprovar a participação na Revolução Constitucionalista. Todo esse material está arquivado hoje no Acervo Histórico da Assembleia Legislativa.

Nesses 90 anos da Revolução de 1932, conheça algumas das histórias contadas pelos documentos da Comissão da Medalha.

Soldado morto

Uma das tristes histórias contadas pelos nossos arquivos é a de Fernando Pinheiro Franco, homenageado postumamente com a Medalha da Constituição. Em 28 de julho de 1932, Fernando escreveu, às pressas, carta informando à mãe que tinha se alistado como voluntário.

“Querida mãe, o meu dever de paulista me chama às armas. Parto com o coração transbordante, pois vou cumprir com o dever sagrado de proteger o nosso Estado. Vou para um lugar que não há muito perigo, graças a Deus. Vou e voltarei muito breve. Peço que me desculpe de não ir vê-la, pois não há tempo”.

Apesar do otimismo do rapaz, Fernando morreu em combate menos de um mês depois. O jornal “O Liberal”, de Mogi das Cruzes, publicou um soneto em memória do jovem. A carta e o jornal fazem parte da documentação enviada pela família de Fernando para o recebimento da Medalha. Em julho de 1962, os restos mortais foram sepultados no Obelisco, no Parque do Ibirapuera.

Apoio aos combatentes

A Revolução de 1932 envolveu os paulistas a tal ponto que até crianças queriam se voluntariar. Entre a documentação da Comissão da Medalha, destacamos algumas crianças que participaram dos combates — não na linha de frente, mas nos bastidores.

Dois meninos que participaram foram Alfredo de Salles Oliveira e Ary Bomeisel. No processo deste último, o chefe da Cruzada dos Escoteiros declarou que Ary havia prestado serviços com dedicação “na assistência social, nos postos de abastecimento da MMDC, nos correios e telégrafos para distribuição de cartas e telegramas às famílias dos soldados combatentes, nas sedes dos batalhões e no quartel general da MMDC, durante o período de 9 de julho a 28 de setembro do mesmo ano, ininterruptamente”.

Deputado combatente

Outra forma que os ex-combatentes tinham para provar a participação em 1932 era por meio de fotos. Há dezenas de fotos históricas anexadas aos processos da Comissão da Medalha.

Uma delas é de Jorge Americano, que foi deputado estadual entre 1927 e 1928, pelo Partido Republicano Paulista (PRP). Advogado, promotor público e professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Jorge Americano participou da Revolução Constitucionalista, quando organizou o serviço de propaganda e dirigiu um curso para oficiais de emergência.

Em 1966, o ex-deputado apresentou o pedido para receber a Medalha da Constituição e, entre as provas, encaminhou uma fotografia tirada em 16 de setembro de 1932, em frente ao Instituto de Higiene, com um grupo de aspirantes a oficiais de emergência. Na época, Jorge Americano ocupava o posto de major e chefiava esse curso. A foto foi tirada após uma das aulas de socorros de emergência.

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