Com mais de 3,5 milhões de casos da doença somente no primeiro trimestre de 2024, tecnologia inglesa aparece como esperança para controlar o mosquito Aedes aegypti
Caixa do Bem instalada em Porto Alegre_Crédito: Jefferson Botega / Agencia RBS
Com mais de 3,5 milhões de casos de dengue contabilizados nos três primeiros meses do ano, o continente americano pode estar à beira de enfrentar o pior surto da doença em toda a história. O acumulado chega a ser três vezes maior que o total de casos registrados no mesmo período do ano passado. O alerta foi feito na última semana de março pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas).
Brasil, Argentina e Paraguai respondem por mais de 90% dos casos e por mais de 80% das mortes por dengue nas Américas. Dados da Opas mostram que o Brasil lidera o ranking, com 2.966.339 casos e 758 mortes, seguido pelo Paraguai, com 191.923 casos e 50 mortes, e pela Argentina, com 134.202 casos e 96 mortes.
O diretor-geral da Opas, Jarbas Barbosa, classificou a situação no continente como preocupante. Ele lembrou que até países onde os surtos de dengue geralmente acontecem no segundo semestre, como Barbados, Costa Rica e Guatemala, já relatam aumento de casos da doença. Porto Rico, por exemplo, decretou situação de emergência por dengue no início da semana.
“Estamos diante de uma situação extremamente preocupante. O número de casos está aumentando a uma velocidade alarmante, e é essencial que medidas sejam tomadas o mais rápido possível para conter essa epidemia“, enfatizou Barbosa.
Natalia Ferreira, diretora da multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, comentou sobre a gravidade dos dados. “Esses números refletem a urgência de soluções inovadoras e sustentáveis serem adotadas para controlar o mosquito Aedes aegypti, vetor não só da dengue, como também de outras doenças preocupantes, como zika, chikungunya e febre amarela. Precisamos agir com rapidez e eficácia para proteger a saúde pública.”
Em 2024, os quatro sorotipos da dengue circulam pelas Américas, e a circulação de dois ou mais sorotipos aumenta consideravelmente o risco de casos graves da doença. Pelo menos 21 países do continente já reportaram circulação de mais de um sorotipo, incluindo o Brasil.
Diante desse cenário preocupante, surge a necessidade urgente de medidas eficazes para controlar a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Uma solução inovadora e sustentável, disponível no Brasil, desenvolvida pela multinacional britânica Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011, chamada Aedes do Bem™, foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2020 e, além de ser livre de inseticidas químicos, é altamente eficaz no controle biológico do mosquito Aedes aegypti. É uma tecnologia que libera Aedes aegypti machos, que possuem uma característica autolimitante que efetivamente restringe a reprodução de sua espécie. Por serem machos, eles não picam e não transmitem doenças. O produto possui duas versões, uma versão MINI voltada para indivíduos protegerem suas casas, e outra versão profissional, voltada para proteger municípios e empresas.
A solução é bastante simples e fácil de usar. O produto é vendido no formato de ovos dos Aedes do Bem™, que eclodem e se desenvolvem dentro da Caixa do Bem assim que ela é ativada com água limpa. Quando os Aedes do Bem™ machos atingem a fase adulta, depois de 10 a 14 dias, voam da caixa para o ambiente urbano, procuram ativamente e acasalam com as fêmeas do Aedes aegypti – que picam e são responsáveis pela transmissão de doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos sobrevivem e chegam à fase adulta, herdando dos pais a característica autolimitante. O resultado é a queda do número de fêmeas que picam e transmitem doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti.
Os Aedes do Bem™ agem especificamente no controle do Aedes aegypti e não afetam outras espécies de insetos benéficos ao meio ambiente, como abelhas e joaninhas; não causam nenhum dano ao meio ambiente, às pessoas e aos animais. Não são tóxicos e nem alergênicos. Não se concentram ao longo da cadeia alimentar e não causam efeitos adversos quando consumidos por outros animais.
Estudos demonstram a alta eficácia do Aedes do Bem™. Em Indaiatuba, interior de São Paulo, por exemplo, a supressão de mosquitos Aedes aegypti atingiu mais de 96% em áreas tratadas. A Oxitec atua em parceria com governos e empresas, através de distribuidores autorizados, para oferecer o Aedes do Bem™ PRO (para cidades e grandes empresas) e o Aedes do Bem™ MINI (para residências).
“Diante da necessidade de complementar os métodos tradicionais de controle, como inseticidas químicos, a Oxitec do Brasil oferece uma solução inovadora e sustentável. O Aedes do Bem™ representa uma esperança real na luta contra o mosquito Aedes aegypti que transmite a dengue e outras doenças perigosas. Além de ser uma alternativa segura e eficaz, sua implementação pode trazer benefícios duradouros para as comunidades, garantindo um ambiente mais saudável e protegendo milhões de vidas“, reforça Natália Ferreira.
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